Quando acontece cruzar-se na rua com estrangeiros curvados para um mapa, o Coroneu fica suspenso naquela ansiedade imberbe de ser útil. Atrasa o passo inventando pretextos a si próprio, assobia para as nuvens, disfarça mirar as montras, simula mensagens ao telemóvel. Em resumo fica a rondar como um tolo disponível na esperança consciente que lhe peçam ajuda. E porquê isso, meditava o Coroneu depois de sair do restaurante. Na altura do café pós-almoço entrara no restaurante um alemão. O Coroneu observara quando ao balcão confundiram a súplica "Badezimmer" com a ementa. Ou seja, enquanto o alemão procurava uma casa de banho eram-lhe enunciados os pratos do dia (em voz alta, porque a crença mundial dita que o forasteiro entende o idioma local se berrado palavra a palavra). Como o alemão do Coroneu é nulo, não foi além de elucidar o visitante. No mesmo dia, entre bares no meio da noite, o Coroneu teve oportunidade de falar com um casal de italianos. Estavam em lua-de-mel e o Coroneu felicitou-os quando se despediram.
- Ciao, tanti auguri!, gli hai detto Coroneu prima d'andare via. Mentre tornava a casa sua pensava como se senteva felice perch'oggi aveva veramente voglia di parlare italiano.
2 comentários:
Tenho uns amigos que advogam uma teoria que envolve a língua italiana. Eles crêem que apenas fazendo-se passar por italianos têm hipóteses de engatar espanholas em Isla Cristina.
No dia em que lá estive com eles falar italiano não lhes acrescentou valor.
Ler o Coroneu a falar italiano lembra-me um almoço onde se falava inglês, espanhol, italiano, brasileiro e pelo meio um pouco de português.
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