quarta-feira, dezembro 27, 2006

Jogo da Gloria in Excelsis Deo


Saída do emprego, sexta-feira 22, partida:
VCI (para o X a prenda Y), A1 (para a Z a prenda W), a voar enquanto os polícias entretidos na berma com camionistas - avançar 3 casas, segunda circular (o trânsito na TSF), semáforos, peões a soprar frio na passadeira (introspecção social - pobres dos ricos ou ainda bem que tens AC no carro?), chocolates, vim só deixar isto no escritório de Lisboa boas-festas!, eixo N-S (não me lembro de nada para a H), bombons com formas, tortas, doces, centro comercial (o X e a Z já estão), tem cartão de estacionamento?, claro mas ficou no carro - passar pela cave de partida sem receber nem esquecer de bater com a cabeça no elevador para não ser distraído, baixa chiado (ah!, bombons com forma de Floribela!), na calçada castanhas a fumegar, está esgotado só na nossa loja da avenida e tem de se levantar lá, lanchar a horas de jantar (e para a H? e para a H?), velhotes de cidade atrelados a pequenos cães de pilha encasacados - tira um pensamento jocoso e guarda só para ti, ena as luzes das avenidas!, levantar encomenda e para a H porque não um Q?, voltar ao centro comercial mas é rápido, loja 10 1ºpiso, estrada, as luzes da cidade para trás, a noite engole o carro e a A2 em comunhão, A6 em 55m e a luz descontínua dos candeeiros a riscar o capô, abrandar e virar entre paredes caiadas, a casa serena não fosse o canto dos ciganos, estacionar, a noite fria afinal também está estrelada, entrar.
Minutos mais tarde, madrugada de sábado 23, lareira e descanso com o prazer das prendas a marinarem sob o pisca pisca da árvore dos mais novos, companhia das pessoas que interessam. Chegada.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Ayer, Hola y Adiós a Madrid

Por estes dias em Madrid, mesmo que não haja vento sente-se como se houvesse. Explicando: faz frio. (Até as iluminações de Natal cintilam tremuras nocturnas entre as árvores das praças). O Coroneu andou pela Plaza de Santa Ana junto ao teatro espanhol. Áquela hora as cadeiras amontoavam-se invertidas frente aos restaurantes circundantes prestes a fechar. Uma reunião de pequenos chilenos ou descendentes confundiam-se com a estátua de Garcia Lorca enquanto assinalavam a morte de Pinochet. Pela passividade o Coroneu não percebeu se celebravam a morte do ditador ou lamentavam a do pai da economia.

Na calle huertas um pequeno bar de jazz. Antes, a menina da bodega sugeriu o prato mais caro da lista e perguntou ao Coroneu se era francês. O Coroneu benzeu-se e perguntou se cheirava assim tão mal. (Ok, não perguntou mas teve vontade). Escolheu outro prato qualquer.

Mais tarde enquanto a caminho de um inesperado encontro amigável no aeroporto, ouviu o desabafo do taxista guiado por gps: 'temos muitos problemas aqui com a emigração, havia que plantá-los ao longo de um muro e fuzilá-los um a um como na guerra civil'. Ao Coroneu resta considerar que quem pensa 'esta ignorância só em Portugal' conhece muito pouco do mundo. Que há mesmo quem passe todos os dias pelas calles sem notar nem saber que por estas noites as iluminações de Natal tremem de frio no belo centro de Madrid.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Pequeno Almoço de Principe S.F.F.

Quando sucedesse ao Coroneu encontrar-se com tempo num país que não o dele, a melhor hora era sempre a do pequeno almoço. Tempo de ler o jornal do país, das primeiras observações contempladas, talvez alguns apontamentos na memória e no papel, ou oportunidade para acertar contabilidades. O Coroneu sempre preferiu o pequeno-almoço buffet europeu, um manancial de probalidades de manteigas, doces, croissants (quando os há), fruta, bolos e leite com café ao apetite, fazendo repicar no estômago a recordação múltipla de hotéis. Do que sobrevive na memória do Coroneu acerca do circuito internacional (fora da Europa) dos pequenos-almoços distinguem-se normalmente o Continental (pão, marmelada, manteiga, café com leite e um sumo), o Americano (acrescenta ovos mexidos ao Continental) e o Buffet (acrescenta flocos, iogurte, fruta, etc...).

Um dos reconfortantes pequenos almoços tomou-o o Coroneu sozinho (com lembranças de amigos longínquos) num lago abrigado pelos pinheiros e arbustos da alvorada em gelo. E nessa madrugada, melhor que um buffet de hotel, só mesmo o perfume de alecrim prestes a misturar-se enquanto espera com paciência que borbulhe sobre a fogueira o odor forte do mesmo café que se usa quando os amigos nos visitam em casa.