sexta-feira, julho 30, 2004

Desafio

Para comemorar o post numero 100, e na continuidade do post anterior, o Coroneu desafia cada um dos leitores a telefonar para alguém realmente especial com um telefonema realmente especial.
(alguma coisa, digam que foi o Coroneu que mandou)
O tempo é curto, a vida é curta demais e as noites compridas demais. É uma idiotice desaproveitar oportunidades. Um obrigado do Coroneu.

terça-feira, julho 27, 2004

Versao Revista e Melhorada

Caro Sr. Jesus e familia (Sagrada):

após consulta a alguns seres criados à imagem do Sr. Jesus, o Coroneu vem propor uma alteracao simples à primeira versao da Criacao

(toda a primeira versao de qualquer coisa contem erros ...)
no que diz respeito, por exemplo, quando as pessoas morrem:

A morte devia chegar com aviso de recepcao. Essa coisa da surpresa, além de embaracar o visado em algumas circunstancias, é muito desagradavel. O visado receberia o aviso de uma semana a um mes antes do acontecimento – a variavel depende de numero de filhos, responsabilidades sociais, funcao profissional e outras que o Coroneu deixa ao Criterio Divino.

Depois do aviso de recepcao o visado teria tempo de resolver assuntos pendentes
(zangas de namorado, distribuicao de herancas, traumas familiares, filmes de recordacao, demonstracoes de afecto incompletas...)
e só depois desse tempo assinaria o papel. Depois poderia por exemplo despedir-se com uma festa ou um cha das cinco em que à chegada as pessoas ao inves de dizerem
- Olá, tudo bem.
diriam
- Adeus, gostei muito de ti.
e a meio da festa ou do chá das cinco, quando ninguem desse conta, o visado sairia soltando um timido
- Até logo.
antes de fechar a porta, que ninguém ouviria por causa do barulho da musica ou da conversa.

É que às vezes acontece o contrário. Tem-se a sensacao  que se disse
- Adeus, gostei muito de ti.
ou
- Até logo.
mas que o visado nao ouviu por causa de um barulho de musica ou de uma conversa ou de outro ruido qualquer que na altura nao parecia importar, e só perante a batota de morrer sem avisar se amplia num vazio insurdecedor que ataca o estomago.

Seria bom que o Sr. Jesus ponderasse alteracoes deste genero porque mais de 2 mil anos sem mudanca criam descredito em qualquer sistema. De qualquer modo, se nao houver mudanca nao faz mal. O Coroneu e o resto dos seres criados à imagem do Sr. Jesus cá estarao para fazerem segundo a Vossa vontade a
té morrerem
(sem aviso de recepcao, sem festa, sem cha das cinco e a distribuir desvelos de carinho na imprevidencia que uma morte subita impeca de dizer Gosto de ti a alguem verdadeiramente especial).
 
O Coroneu tem consciencia que se deve estar sempre preparado, mas acredite que nunca se esta. Obrigado e espera o Coroneu ver o Sr. Jesus muito mais tarde.

terça-feira, julho 20, 2004

Nao Era Bem Isso

Como o Coroneu trabalha de momento numa fabrica a controlar a producao, faz muitas piscinas a fazer perguntas. Na linha de montagem a maioria dos trabalhadores sao meninas.
 
(está oficialmente provado que as mulheres sao mais competentes em actividades repetitivas - o que nao significa que sejam menos competentes nas outras)
 
Estava o Coroneu a fazer perguntas a uma menina de um posto de trabalho
(-Esta a fazer o que? - De onde vem a peca? -E como ve se rejeita a peca? -Onde regista se a peca for rejeitada?)
quando ao fazer a pergunta final
- E depois vai para onde?
a menina respondeu a sorrir
- Eu daqui vou para casa a nao ser que venha um convite melhor.
 
O Coroneu embrulhou, sorriu também, agradeceu e passou a ter mais cuidado ao fazer perguntas. É que com as meninas da linha todo o cuidado é pouco.

sábado, julho 17, 2004

Business, Business

Finalmente o Coroneu pousou a mochila, despiu o poncho, substituiu as botas de caminhar por um calcado confortavel, a tenda por uma casa com renda e comecou a responder a anuncios. Encontrou alguns biscates e poucos dias depois um telefonema para uma entrevista que prometia, numa àrea de tecnología que agradava ao Coroneu. O Coroneu ficou contente.
 
A primeira entrevista foi com uma psicóloga que gostou das respostas. Dois dias depois telefonou ao Coroneu para a segunda entrevista. Quando o Coroneu chegou para a segunda entrevista ficou a saber que o trabalho a fazer era totalmente diverso do que o que lhe tinham falado e foi apresentado ao sr. engenheiro X que comecou por responder assim a uma duvida do Coroneu 
            -Aquí quem faz as perguntas sou eu.
E continuou
            -Aquí quem responde a perguntas é você.

O Coroneu precipitou o final da entrevista, levantou-se e apertou a mao ao sr. engenheiro X. Ao chegar à rua respirou de alivio, desapertou a gravata e despiu o casaco do fato antes de entrar no metro. O que lhe apetecia era vestir o poncho, levantar a mochila, substituir o calcado pelas botas de caminhar e em vez de ir para uma casa com renda adormecer numa tenda à beira de um lago a ler um livro qualquer iluminado à vela. Mesmo que nao repita, ao menos o Coroneu conhece-lhe o sabor.

sexta-feira, julho 02, 2004

Sabedoria do Povo Pequenino

Andava o Coroneu a ponderar improbabilidades quando à entrada do metro uma menina rebentou em choro de angustia por ter perdido a mãe. O Coroneu deu-lhe a mão e foram direitinhos à cabine de controle da estação. Não demorou muito chegou a mãe a tremer de preocupação e encheu a menina de carinhos ansiosos.

Às vezes as pessoas sentem-se perdidas e acham o mundo grande demais. E não encontram sozinhas a cabine de controle da estação. O Coroneu ficou a saber. Se calhar funciona assim: confiar na mão de algum amigo improvavel. Depois é ter fé que chegue alguém a tremer de preocupação e desvaneça a angustia em carinhos ansiosos.

Realmente as crianças é que sabem.