segunda-feira, junho 09, 2008

A Primeira Medida de Barack Obama

Exclusivo do Coroneu:

A primeira medida de Barack Obama, caso seja eleito, será mudar o nome da Casa Branca!

Clap! Clap! Clap!

(Obrigado, obrigado)

quarta-feira, maio 21, 2008

(Verde, Amarelo, Vermelho)

"How in the name of Heaven can he escape

That defiling and disfigured shape

The mirror of malicious eyes

Casts upon his eyes until at last

He thinks that shape must be his shape?"

...................................................'A Dialogue Of Self And Soul', William Butler Yeats

Num piscar de semáforo (verde, amarelo, vermelho) o Coroneu travou e já sem cinto levitou através do tecto de abrir em direcção às estrelas, em direcção ao que costumam ser as estrelas, opacas pelo céu da cidade.

Lá em cima, com o mundo a rolar por baixo, o Coroneu não ouvia as pequenas imposições de nepotismo, não ouvia os rumores das maquinarias a pararem por ausência de uma manutenção incompetente, não ouvia o quotidiano simplista dos fortes contra os fracos, dos fortes com relações privilegiadas contra os fracos a tentarem subir as escadas a custo de músculos, não ouvia também a injustiça dos fracos contra os mais fracos ainda, a forma como alguns fracos se aliam a alguns fortes, não ouvia as colunas vertebrais a curvarem como os insectos ao morrer.


E de repente, um piscar de semáforo (verde), o Coroneu liga o rádio e acelera em direcção às grandes chaminés que descem do céu a aterrar no complexo industrial escuro que é a fábrica sem escrúpulos.

quarta-feira, maio 07, 2008

Não é o Que Parece

"I see nobody on the road," said Alice.
"I only wish I had such eyes," the King remarked in a fretful tone. "To be able to see Nobody! And at that distance too! Why, it's as much as I can do to see real people, by this light!"
'Alice's Adventures in Wonderland ', Lewis Carroll

Na realidade, o controle de implosões como assistência à construção civil, tem um nome mais emocionante que o desempenho da própria profissão em si. O que espelhado num ecrã é uma orquestra de pó sobre o betão a cair em uníssono, no planeamento técnico não passa de entediante meia dúzia de botões coordenados com meia dúzia de cabos – que na verdade são vários Km de cabos mas igualmente entediantes… Se falhar alguma coisa o pior que pode acontecer é que um dia a casa não vem abaixo.

Fellini inventou a sua autobiografia numa realidade inventada com prazer. Na mesma perspectiva o Coroneu, que já de si é uma personagem ficcional, acrescenta muito ao que vê quando se olha no espelho. Os trabalhos, por exemplo. O Coroneu já trabalhou em orquestras muito diferentes. Um dos trabalhos mais gratos foi viajar, por exemplo. Aquando no Chile, o Coroneu conseguiu vender umas reportagens apoiando-se em imagens da sua velhinha digital. Outro trabalho grato mas nada grátis foi enumerar provérbios portugueses a um grupo de estudantes americanos. Financeiramente compensador.

Agora, na demolição de estruturas atávicas, o Coroneu pensa em filosofias cada vez que o algodão castanho de pó engole um edifício (que partes da memória submeteriam as pessoas a uma implosão instantânea, estabilidade de um trabalho versus o apelo da selva, etc…). Na realidade o Coroneu está mais sedentário. No entanto, a realidade nem sempre é o que parece – principalmente no mundo da ficção.

sábado, janeiro 12, 2008

Quando a Montanha Derreteu por Segundos

"If you were only one inch tall, you'd ride a worm to school.
The teardrop of a crying ant would be your swimming pool.
A crumb of cake would be a feast
And last you seven days at least,
A flea would be a frightening beast
If you were one inch tall. (...)"
....................................................... 'One Inch Tall', Shel Silverstein

Quando Edmund Hillary chegou ao cume mais alto do mundo - Evereste, a 8848m de altitude - a rainha Isabel II estava a dois dias de distância da coroação e uma das primeiras acções como rainha foi agradecer a conquista concedendo o título de Sir ao neozelandês.

Edmund Hillary e o seu guia xerpaTenzing Norgay mantiveram propositadamente a dúvida sobre qual dos dois tinha efectivamento sido o primeiro a chegar, para exemplificar o espírito de equipa que fomentavam - anos depois, antes de falecer, o seu companheiro xerpa acabou por revelar que o primeiro foi Hillary. Cinco anos após o Evereste, Hillary foi também o primeiro homem a levar um veículo até ao Pólo Sul por via terrestre.

Tornou-se então - e até morrer - um filantropo, associando-se a aberturas de escolas e hospitais para apoio ao povo xerpa, na região do Nepal. Edmund Hillary faz parte da prateleira mais alta de onde nos observam essas figuras heróicas da mitologia moderna - meio Homens meio Deuses - que o Coroneu sempre julgou não poderem morrer. Mas a verdade óbvia é que também morrem. A diferença é que ao morrerem fazem os Deuses dobrar a espinha em sinal solene de respeito; no caso de Edmund Hillary, no passado dia 12 de Janeiro, toda a cordilheira dos Himalaias se dobrou enquanto o Evereste em particular - e o Coroneu garante-o - se torceu na direcção da Nova Zelândia e derreteu um bocadinho naquilo que para um Deus é o mais aproximado a uma lágrima de saudade.