quarta-feira, maio 21, 2008

(Verde, Amarelo, Vermelho)

"How in the name of Heaven can he escape

That defiling and disfigured shape

The mirror of malicious eyes

Casts upon his eyes until at last

He thinks that shape must be his shape?"

...................................................'A Dialogue Of Self And Soul', William Butler Yeats

Num piscar de semáforo (verde, amarelo, vermelho) o Coroneu travou e já sem cinto levitou através do tecto de abrir em direcção às estrelas, em direcção ao que costumam ser as estrelas, opacas pelo céu da cidade.

Lá em cima, com o mundo a rolar por baixo, o Coroneu não ouvia as pequenas imposições de nepotismo, não ouvia os rumores das maquinarias a pararem por ausência de uma manutenção incompetente, não ouvia o quotidiano simplista dos fortes contra os fracos, dos fortes com relações privilegiadas contra os fracos a tentarem subir as escadas a custo de músculos, não ouvia também a injustiça dos fracos contra os mais fracos ainda, a forma como alguns fracos se aliam a alguns fortes, não ouvia as colunas vertebrais a curvarem como os insectos ao morrer.


E de repente, um piscar de semáforo (verde), o Coroneu liga o rádio e acelera em direcção às grandes chaminés que descem do céu a aterrar no complexo industrial escuro que é a fábrica sem escrúpulos.

3 comentários:

Ms D. disse...

Tem nome de cores mas o teu texto é muito mais sonoro :)

Adorei as "colunas vertebrais a curvarem como os insectos..." e especialmente da "fábrica sem escrúpulos."

Beijos

Anónimo disse...

chouriço, qual é o teu mail?

diz qq coisa p jose.quintela@gmail.com

Ms D. disse...

Gosto das mudanças! Quem foi o teu interior designer? :)

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