quarta-feira, maio 07, 2008

Não é o Que Parece

"I see nobody on the road," said Alice.
"I only wish I had such eyes," the King remarked in a fretful tone. "To be able to see Nobody! And at that distance too! Why, it's as much as I can do to see real people, by this light!"
'Alice's Adventures in Wonderland ', Lewis Carroll

Na realidade, o controle de implosões como assistência à construção civil, tem um nome mais emocionante que o desempenho da própria profissão em si. O que espelhado num ecrã é uma orquestra de pó sobre o betão a cair em uníssono, no planeamento técnico não passa de entediante meia dúzia de botões coordenados com meia dúzia de cabos – que na verdade são vários Km de cabos mas igualmente entediantes… Se falhar alguma coisa o pior que pode acontecer é que um dia a casa não vem abaixo.

Fellini inventou a sua autobiografia numa realidade inventada com prazer. Na mesma perspectiva o Coroneu, que já de si é uma personagem ficcional, acrescenta muito ao que vê quando se olha no espelho. Os trabalhos, por exemplo. O Coroneu já trabalhou em orquestras muito diferentes. Um dos trabalhos mais gratos foi viajar, por exemplo. Aquando no Chile, o Coroneu conseguiu vender umas reportagens apoiando-se em imagens da sua velhinha digital. Outro trabalho grato mas nada grátis foi enumerar provérbios portugueses a um grupo de estudantes americanos. Financeiramente compensador.

Agora, na demolição de estruturas atávicas, o Coroneu pensa em filosofias cada vez que o algodão castanho de pó engole um edifício (que partes da memória submeteriam as pessoas a uma implosão instantânea, estabilidade de um trabalho versus o apelo da selva, etc…). Na realidade o Coroneu está mais sedentário. No entanto, a realidade nem sempre é o que parece – principalmente no mundo da ficção.

1 comentário:

Ms D. disse...

-There is no use trying. Alice said, - One can't believe in impossible things." But the Queen responded, -I dare say you haven't had much practice. Why, sometimes I've belived as many as six impossible things before breakfast. Alice in wonderland • Lewis Carroll

Este sertão sentiu muito a sua falta!

Bjos