Naquele ano o Coroneu e o amigo faltavam à primeira semana de aulas depois da Páscoa. Enquanto montavam a tenda a custo de apalpadelas, luz de lanternas e luar ausente ouviam vacas e chocalhos. E um cheiro forte que não conseguiram identificar. Nas imediações uma fonte a jorrar água para um riacho. "Se calhar amanhã fazemos aqui o arroz e os ovos para o almoço". A luz da lanterna choca numa placa
"Prohibido Acampar" "Prohibido Hacer Fuego"
Passava da meia-noite. Os dois regressam à tenda constrangidos. Dentro da tenda um cheiro forte que não identificam. Acordam de manhã à espera de uma vaca a espreitá-los. Ao invés, um velho de cajado balbucinava reclamações em palpitações da boina basca. "Mis ajos", reclamava. "Mis ajos""Mis ajos""Mis ajos". O cheiro forte dentro da tenda. O cheiro que durante a noite se intrometeu nos sonhos, na roupa, no cabelo.
A contragosto o amigo do Coroneu pagou os alhos amassados sob a tenda, desmontaram tudo e deixaram o velho basco a admirar uma nota demasiado generosa. Sairam sem cozinhar arroz ou ovos. A água da fonte não logrou purificá-los. E quem sabe se o facto de não apanharem boleia durante muito tempo subsequente estaria relacionado com o cheiro a ajo. Carajo!
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