terça-feira, janeiro 20, 2004

Das viagens de autocarro


O que acontece na Bolivia, é que as pessoas pagam muito menos se viajarem de camiao, caixa aberta apenas com um toldo por cima, pela noite dentro.

Faz frio, faz muito frio. Ver passar aquelas caras que espreitam dos xailes e das cholas, viajando por 12 horas nao deixa indiferente.

Ontem o autocarro do Coroneu teve um furo. A viagem prolongou-se de 10 para 12 horas. As pessoas deitadas no estreito corredor acordaram para nao serem pisoteadas. Vendem mais bilhetes que os acentos, porque esse dinheiro fica muitas vezes para o próprio vendedor. Ou como no Comboio da Morte que recebem 30 Bolivianos + 50 do bilhete para colocarem as pessoas nas carruagens da frente mais seguras.

O passageiro estrangeiro nao se pode distrair; corre o risco de acordar sem bagagem. O Coroneu ata a mochila sempre aos ferros sobre o banco - duas vezes apareceu deslocada de manha.

A estrada de Santa Cruz para Cochabamba, que o Coroneu passou há 2 dias está cortada porque caiu uma ponte. Os camioes ou autocarros passam agora um a um por uma barca improvisada.

Há cerca de tres semanas atrás um camiao que transportava adubo ou bostas de vaca + passageiros voltou-se e houve mortos.

Em Trinidad as cheias tambem mataram e desalojaram populacoes.

Mas tudo isto é a norte mais a norte e o Coroneu dirige-se a sul, ao salar de Uyuni onde tudo é branco e chove pouco e ha um hotel construido com sal que faz esquecer o resto de um país pobre e humilde produto tambem de todas as guerras que perdeu - e com elas minas e a saida para o Pacifico. O Coroneu dirige-se ao salar onde o hotel de sal faz esquecer. Faz esquecer... Esquecer?

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