segunda-feira, agosto 07, 2006

Só Muralhas à Volta Deles

Na casa do Alarvo via-se o Sporting-Braga no ecrã destilado entre janelas abertas mas ausentes de correntes de ar. Uns viam mais ecrã outros surviam mais ameijoas. À volta da mesa, Muralhas. O Alarvo via a segunda parte, o Coroneu voluntariou-se para a confecção da segunda volta aos bivalves. Bulhão-Pato foi um escritor. Só historiadores da política do séc.XIX se lembram da escrita de Bulhão-Pato. No Algarve promovem-se aquelas ameijoas na caçarola a peso de ouro. Os estrangeiros pensam que Bulhão-Pato foi cozinheiro. Na casa do Alarvo saboreiam-se as originais de cariz popular. A mãe de Bulhão-Pato chamava-se Brandy mas na casa do Alarvo impunham-se Muralhas fresquinhas. O Lauro António dissertava e no outro canal a SIC exibia num intervalo de publicidade um teaser
(como dizer teaser em português?)
de criancinhas intimidadas entre abraços de mães e escombros de guerra sob uma balada enternecedora enquanto soldados esquálidos davam pontapés aos mortos como se os olhos dos mortos fingissem estar mortos e eles não soubessem que já tinham morrido. E depois a imagem escurecia e aparecia SIC e Bulhão-Pato (diz a wikipédia) era um aristocrata nascido em Espanha que fazia poesia de que - felizmente - ninguém se lembra, em casa do Alarvo lamentava-se não se ter comprado mais pão para afogar. O Alarvo e o Coroneu e as meninas suecas que os acompanhavam (uma delas com barbicha) semeavam Muralhas à volta. 'Toda a verdade' ia mostrar a OLP do Arafat, recostaram-se para ver o Sudoeste no outro canal. Não, viram um pouco do Arafat. Não, uma das meninas era ucraniana. Perdoem, o Coroneu já não se lembra bem. Foi das Muralhas à volta deles. Só pode. Ou então das suecas. Ou da ucraniana. Ou das ameijoas que mais uma vez estavam exímias. O Bulhão-Pato teve foi sorte de nascer primeiro que o Alarvo senão seriam Ameijoas à Alarvo. Mas a vida nem sempre é justa. O Sporting empatou. Outras vezes é.

4 comentários:

D. disse...

Pode ser um "retrato fidedigno" do serão. Mas saiu um texto e peras. Não. Um texto e Muralhas e suecas. E uma ucraniana que o Bulhão-Pato, o das ameijoas ou o escritou, apareceu a acompanhar.


Nice!

D. disse...

* escritor

APC disse...

Gostei e ainda sorri! :-)
Quanto é? ;-)

Um abraço!

João Tomaz disse...

Conheço o Alarvo, não conheço o Coroneu mas conheço um Bulhão Pato. Férias a mais não me permitem comentar mais além do que isto. como sempre, óptimo post...