O Coroneu arrisca afirmar que Lisboa deve ser a única cidade do mundo com um jardim de largo nomeado assim, circuitado pelos carros dos cabarés e cujos bancos de pedra são a casa de velhinhos solitários com bengalas que espalham o milho dos pombos, ou curvados por ali outros velhinhos sem bengala distribuem carapaus fritos pelas embalagens de manteiga vazias rodeados por roçares de pêlos pelas pernas e mil miares sôfregos, ou outros velhinhos que recordam alto vidas que já ninguém liga, eles próprios desapercebidos que ninguém lhes liga a suspirarem alto frases como "que é feito da minha odalisca de rubi". E nesse largo a árvore maior é um salgueiro chorão, tão harmoniosa e no entanto a espécie de árvore mais triste do mundo.
E assim o Coroneu arrisca afirmar que Lisboa deve ser a única cidade do mundo com um largo semeado de velhos orfãos de si mesmos, pombos poluídos e gatos anoréticos, rodeada de cabarés nocturnos, tudo sob a árvore mais triste do mundo nessa praça cujo nome escrito na placa ao alto os carros que entram e saiem (a caminho do Bairro Alto) ignoram: 'Praça da Alegria'.
7 comentários:
Tambem pensei logo na praca da alegria... e `e preciso nao esquecer que o snooker club `e ali tao perto... peco desculpa pela acentuacao mas estes teclados belgas sao do caracas
No tempo dos carameleiros a praça era mais alegre....
Tirando o 1º parágrafo que parece do José Saramago, ....se lhe pusesses un ponto final e 1 ou 2 vírgulas ....ficava de sonho. OU melhor ....está de sonho, porque até eu a 200Km de distância senti a "alegria" da praça e do teu coração. bjs
Por cá temos uma dessas. Mas não é uma praça, é uma rua. Escondida, sombria, esquecida ao lado de uma artéria movimentada e percorrida por gente de cabeça baixa. Tristes estas cidades...
O Coroneu no seu melhor!!
O Coroneu está a escrever pouco. Porquê?
Caro Marco, o Coroneu gostaria de dizer que diminuindo a quantidade aumenta a qualidade mas não é o caso. O Coroneu está a escrever pouco porque tem a ilusão que estando tão ocupado recupera o tempo que perdeu...E raios, que tanto tempo que foi!...
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