A vida do Coroneu dependia da lenha molhada e dois paus de fósforo herméticamente guardados na mochila das costas até ao acampamento. O acampamento era ele próprio, a tenda resistente e uma desértica vista fabulosa do lago que separava a Argentina do Chile.
- A comida está na mesa,
ouvia o Coroneu lá de longe. Mas além da galinha, ninguém. Colheu-a da armadilha mas era nada se não conseguisse fogo. Com uma cautelosa torção do pescoço extinguiu-lhe o último piar.
- A comida está na mesa,
ouvia o Coroneu e soprava sobre as húmidas brasas virgens na esperança ansiosa que os desesperados têm, na esperança que o agora último pau de fósforo se transformasse em fogo farto, uma alquimia de sobrevivência mais valiosa que o ouro.
- A comida está na mesa,
mas ali se não houvesse fogo nenhuma comida estava na mesa, o estômago oco não suportaria mais ausências. Pensou 'os créditos chegaram ao fim Coroneu'.
- A comida está na mesa e essa lareira afinal sai ou não?
Pronto! Logo agora que o Coroneu estava a chegar ao limite! E ia outra vez ser herói de uma aventura a que poucos sobreviveriam! Ajoelhado ateou finalmente o papel sob a lenha da lareira e juntou-se à familia na mesa de jantar onde pelo telejornal o mundo lá fora ia acenando para dentro da sala aquecida.
4 comentários:
Os CasTigadores gostariam de limar este "PRONTO" para um "PRONTOS!". Mas compreendem que a idade avançada do Coroneu já não lhe permita lembrar estes pequenos pormenores. Parabéns Coroneu da Barba Branca!Velhinho Velhinho....
Pormenores deliciosos...
O pelicano pensa que o Coroneu é um autêntico livro de aventuras
Muito bom texto, senhor coroneu. Tal como diz menderes, com pormenores entusiasmantes.
Um abraço envolvido em votos de bom ano.
Enviar um comentário