terça-feira, fevereiro 27, 2007

Uma Espécie de Papel Químico

"The night is only a sort of carbon paper,
Blueblack, with the much-poked periods of stars
Letting in the light, peephole after peephole . . .
(...) Under the eyes of the stars and the moon's rictus
He suffers his desert pillow, sleeplessness
Stretching its fine, irritating sand in all directions."
'Insomniac', Sylvia Plath

Poucas pessoas na rua. Praticamente nenhuma. As que passam vêm sozinhas. Na maior parte da noite a rua mora sozinha. Só o policia a aparecer na esquina ao fundo, em períodos descompassados. Passa um cão agora. É pequeno. As patinhas apressadas como se estivesse atrasado. Está frio na varanda do 3º andar. O Coroneu não consegue adormecer. Nada de mais em relação a outros dias. A não ser frio. Do outro lado da rua as janelas a dormir, as luzes apagadas. Está frio e a rua está sozinha. De repente um berro enorme. Logo a seguir o Coroneu ouve gargalhadas do mesmo lugar que é o fundo da rua. Olha para cima. Vê-se céu. Poucas estrelas mas contudo algumas. A cidade é um sitio estranho onde sozinhos nos podemos sentir cheios e na multidão sozinhos.

4 comentários:

Anónimo disse...

ola não desistas de escrever, podes não ter resposta ou comentários, mas muitas vezes, o que escreves é um bocadinho de tempo que dás a alguem que te vai ler, na esperança de encontrar alguma coisa bonita ou interessante, e ....encontra.
bjis

Coroneu disse...

Obrigado :)
O que se passa é que entre o trabalho e o tempo para dormir, tem havido pouca escrita...

D. disse...

O quanto gosto deste título!
**

Anónimo disse...

Sim, a cidade é de facto um sítio estranho. O andar dos vizinhos de cima lembra-nos que nunca estamos sózinhos, pelo menos não completamente, mas será que não estamos de facto?