terça-feira, abril 13, 2004

CATCH!

“(…) bajo la coartada de la modernidad, el experimento, la búsqueda de ‘nuevos medios de expresión’, en verdad se documentaba la terrible orfandad de ideas, de cultura artística (…) que caracteriza a buena parte del quehacer plástico en nuestros días.” El Lenguaje de la Pasion, Caca de Elefante, Mario Vargas Llosa.

Ao passear na Avenida Corrientes em Buenos Aires o Coroneu caiu na armadilha de entrar num dos teatros para ver um espectáculo a la gorra. O espectáculo foi sem duvida moderno, sem duvida chocante, sem duvida contra a moral imposta numa sociedade globalizadora e de costumes hipócritas e etc… E sem duvida que o Coroneu nao gostou do espectaculo.

Sob o risco de ser considerado complexado, ortodoxo ou de gostos atavicos o Coroneu explica o teatro numa frase para depois explicar noutra frase porque nao gostou.

Catch tem um ringue no centro do palco – que o Coroneu gostou porque ser mulher nao deve ser facil –, cerca de 10 mulheres despidas de roupa desportiva - uma delas de 70 anos que entra ocasionalmente – e um unico actor que interpreta uma transexual, e durante o espectáculo as personagens cospem-se continuamente umas nas outras, beijam-se continuamente umas as outras, despem-se em palco, agridem-se continuamente fisica e emocionalmente, numa das cenas o actor e uma das actoras urinam nus no palco e quase no final fazem essa caracteristica muito na moda que e interagir com os espectadores, com a particularidade de o fazerem atraves do actor e de uma actriz correndo nus entre as cadeiras, o que afugentou do teatro umas 10 pessoas.

O Coroneu nao gostou porque os dialogos e a historia nao sugeriam necessidade de nudez, nem de urina no meio do palco – que assim adquiriram caracter gratuito - e porque o espectador nao deve ser molestado em questoes tao particulares como a sua sexualidade a nao ser que seja avisado antes da peca – nada no cartaz explicita a interaccao com pessoas nuas. O Coroneu louva antes de mais a liberdade de expressao na sociedade de Buenos Aires e a coragem das actrizes – houve actrizes que desistiram e foram substituidas, a actriz mais musculada fazia luta profissionalmente e entrou nesta segunda peca, a primeira foi um espectáculo para criancas.

Por isso o Coroneu gosta de teatros que nao se assemelham a bailados tristes e que
(sobretudo, sobretudo)
possuem uma historia lirica e visual complementares e filhas de uma imaginacao fértil e inteligente. Por isso, sob o risco de ser considerado complexado, ortodoxo ou de gostos atavicos o Coroneu reafirma que nao gostou do teatro.

Gostou da liberdade de expressao da sociedade porteña que – ao contrario do que aconteceria nos EUA e na maior parte da Europa, Portugal incluido - nao levantou polemicas nem anunciou como escandalo este espectáculo praticamente pornografico em nenhum dos 5 canais de TV de Buenos Aires. E ha ainda quem insiste em generalizar o termo terceiro mundo a América Latina…

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